sábado, 7 de março de 2020

Rosas e chá.

Rosas e chá.
O rapaz era sagaz na escrita, ele montava uma de suas partituras sentado na varanda ao lado de uma xícara de chá e um bolo feito por Madame Maria, a governanta da casa. Escrevia rapidamente olhando o horizonte e colocava seu lapis na boca para pensar em um trecho melhor , era assim que compunha todas as tardes, quando inspirado, corria pra varanda e começava seu longo mordiscar de lapis. Madame Maria observava de baixo do mesanino espreitando a cada movimento do seu patrão, esperando uma ordem ou um pedido para atender sem demora e ser chamada com mérito de  melhor empregada da casa. Sua filha Rose tambem trabalhava para os Oxford desde os 18 anos quando se tornou adulta o suficiente para ganhar seu dinheiro com respeito, Mas ela servia a família tambem quando pequena ajudando a brincar com Clement e cuidando para que seu futuro patrão nao se machucasse ou se metesse em encrencas.

Rose era uma moça simples mas bonita, seu rosto suave era fino e dava altos relevos para sua maçãs na buchecha bem corada, seus cabelos ruivos fortes eram de longe um farol de beleza que chamava atenção ate do menos percebido, seu corpo em plena idade era o que mais atraiam a vizinhança, de tempos em tempos podiam se ver homens indo ate a casa das serviçais que ficava adjacente a mansão.
Eles levavam buquês, chocolates, ursos, flores solitarias de tudo era visto, ate mesmo uma vez Clement pode ver um rapaz carregando uma grande caixa de frutas na esperança de que Rose pudera gostar e aceitar seu flerte. Não sabiam eles que Rose nao queria presentes, Rose queria que a deixassem em paz, ela nao via sentido em homens de todo o bairro a procurarem na esperança de algo, ela era uma decendente das serviçais Oxford e era isso que ela queria ser, como sua avó, mãe e tia, nao podia se ver casada ou se quer namorando alguem que o tirasse do rumo. Ela era uma graça cheia de pintinhas no rosto e sardas por toda a buchecha como uma fruta mudando de epoca. Rose era independente e sabia fazer seu trabalho como ninguem, sua mãe a ensinou bem, na medida que seu patrão foi crescendo ela se viu mais atraída pelo trabalho, sua vontade de servir a Clement e a toda a família era o fogo que mantinha os motores de seu peito. Clement era um rapaz tao gentil e tão bonito era um orgulho ir a algum lugar ao lado dele, algumas vezes ele acompanhava Rose a feira do centro para carregar suas sacolas, era fofo como ele se preocupava com cada empregada da casa, principalmente com ela, que de tempos em tempo trocavam olhares, "sera que era minha imaginação" ela pensava, "não nao nao" e vivia nesses momentos platônicos.

Então Clement pega a xícara e bebe devagar o líquido deixando um pequeno bigode molhado na pelugem que havia debaixo do nariz, de baixo do mesanino era possível ver ate mesmo o vapor do chá que ja nao estava mais tão quente, e Clement deu o sinal, olhou para os lados, para baixo, até mesmo debaixo de sua cadeira, ele precisava de algo, e Madame sabia disso, rapidamente entra e começa a subir as escadas em direção ao corredor que levava a área da varanda no segundo andar. Alguns momentos depois quando chega a porta, ve longos cachos vermelhos muito familiares, Rose está na porta atendendo seu patrão, já não é mais necessário sua ajuda. Madame então em silêncio retorna os passos que fez rumo as escadas deixando sua pupila e filha cuidarem do assunto, na sua mente passam varias coisas a respeito dela, mas todas com toda certeza são de orgulho.


"
-Rose me ajude por favor!, Eu não encontro de jeito nenhum meu..."
Antes que Clement possa terminar a frase Rose coloca as mãos na boca para cobrir a risada repentina. Clement para de falar e olha para sua amiga, buscando o por que da risada.
"Seu lapis senhor?" , Rose gagueja enquanto termina de rir. Clement arregala os olhos num salto de surpresa. "Isso mesmo ! Como vc..." Novamente rose o interrompe, se aproximando bem de seu rosto, tanto que pode sentir o leve arroma de hortelã do seu hálito, ela olha para seus olhos indecisa, inquieta se aproxima a ponto de quase seus lábios carnudos se tocarem e num leve carinho em seu rosto leva as mãos na orelha de Clement e retira o lápis que pusera ali sem perceber, se afastando rapidamente e mostrando o lápis diante de seus olhos.

"- Tcharan!!!, Como mágica!"
Madame Maria pode ouvir gargalhadas do segundo andar, Clement certamente estava em boas mãos.

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