sexta-feira, 17 de abril de 2020

Sons, gostos e cheiros - 07



A moça parece encolher quando Clement se aproxima. O rosto dela expressa profunda preocupação, mas traz também um misto de outro sentimento, que o jovem pianista pôde interpretar apenas como resignação. Quando o rapaz começa a falar, a moça franze o cenho por alguns momentos, sentindo dificuldade em entender as palavras incompletas e mal colocadas do rapaz. Ela suspira profundamente, e em seguida sorri, um sorriso vazio de alegria e cheio de cortesia fria.


<-"Podemos farar ingurês. Eu entende. Faro pouco, mas acostumada a estrangeiros. Ouço bem. Mais confortavel para o senhor, né?."-> a moça se aproxima de Clement, e ela pode perceber seu suave perfume de camomilas, assim como um cheiro particular de especiarias. Ela traz a postura aparentemente relaxada, mas o pianista percebeu que ela segurava as barras de seu quimono com ambas as mãos, em gesto nervoso.



<-"Meu namae é Hana. Precisar agradecer o senhor por ajuda."-> a moça engasga nesse ponto, como se já soubesse a resposta à pergunta que pretendia fazer, e ficando corada até as orelhas. Ela evita olhar diretamente para Clement. <-"C-como poder... s-servir... o senhor? Para agradecimento."->



Clement sorri aliviado por nao precisar falar nesse idioma tão complexo, mas com a reação da pergunta da moça ela provavelmente está oferendo seus serviços. Clement sabe que se fosse em outra ocasião com 3 ou 4 copos de Um belo whisky escocês ele aceitaria de bom grado mas hoje, neste momento seria rude aceitar tal proposta o melhor a fazer é escoltar a moça até sua casa ou trabalho, mas a inquietação nao o permite começar uma caminhada em silêncio.

Tirando o chapéu rapidamente ele comprimenta a moça da forma que viu os nativos comprimentando todos, baixando levemente a cabeça e depois olhando pra os fundos olhos da moça. <-"Prazer Srta, me perdoe por antes, mas meu nome é Clement Oxford, ajudar a srta foi um privilégio, não a motivos para me agradecer. Se a Srta me permitir eu lhe acompanho por uma rapida caminhada ok?"->

<-"Srta. Hana, creio que senhorita pode me ajudar mais do que eu lhe ajudei, sabe eu estou nessa ilha a dias e nada de novo me aparece, eu queria que me contasse como é sua vida fora desse bolsão de areia ou melhor como é a vida la fora, quais as belezas que essa terra esconde?"->

Falando isso ele a direciona para a praia para uma breve caminhada em direção a colina de onde veio, longe das barracas gritantes do mercado e das caixas de peixes mal cheirosos, ele caminha como se fosse uma criança, esperando uma resposta maravilhosa e fantástica, nao teve ainda oportunidade de falar diretamente com um nativo e pelas roupas e beleza da jovem ela certamente deve ter andando por todos os lados que ele jamais fora. Talvez uma vida inteira o aguardasse nessa pequena moça. Ela parecia frágil mas sua feição suave era raza e quieta, ele observava com bastante atenção cada movimento suave que ela fazia enquanto olhava a Areia fina debaixo dos seus pés.

Vento Divino - 06

 Nanami fez o elogio a Jhun, mas ele evitava deixar o ego crescer. Era um Shinobi... alguém treinado para aquele tipo de coisa e para obedecer a seu mestre... mesmo assim, um elogio sempre arrancava um sorriso interno do rapaz que mal sorria. Porque Jhun era um Shinobi que raramente demonstrava sentimentos.... sentimentos atrapalhavam... Então, ele apenas disse.

Shinobi: O mestre é sábio... se me escolheu, teve suas razões. Que bom que não falhei com ele e com o nosso clã.

 Jhun sabia que Nanami teria alguma reação e que certamente não seria a mais controlada de todas. A mestiça costumava perder a linha quando sabia que estava sendo observada com aqueles olhos.... não! Ela perdia a linha quando era descoberta. Para muitos, o manto da inocência de Nanami caía bem, mas Jhun conhecia a mulher bem o suficiente para saber que ela gostava sde ser observada. Inclusive, aquilo fazia parte dos atributos que a faziam uma Kunochi tão competente.

Quando ela bradou e falou aquilo tudo, se virando e se preparando para sair, Jhun segurou-a pelo braço direito com rapidez. Por mais que ela fosse a líder daquele grupo, Jhun era centrado e firme.... ele tinha a postura de um alfa e se sabia impor o seu respeito. Segurou ela por um dos braço dela e disse firme, mas quase num cochicho.

 Jhun: Eu não sou um tarado. Não era de mim que estava falando, mas dos outros. Eu vejo você como uma irmã, Nanami.... nem todos a vêem assim.

 Liberou o braço dela, deixando-a partir. Foi quando Kojiro jogou-se ao seu lado e soltou o comentário. Jhun não riu... apenas o olhou de lado.

Jhun: Tigres são mais perigosos quando estão calmos e caçando... quando estão nervosos são mais previsíveis e fáceis de abater.

Shinobi não era muito de conversa... Ele sabia que tinha coisas mais importantes a fazer... e agora estava preocupado com Nanami que saiu do quarto irritada. Ele terminou de colocar a camisa e disse.

Jhun: Você façam o que desejarem... eu vou falar com a nossa irmã.

 Uma mulher como Nanami sozinha às vezes podia não dar boa coisa. Sim, a Kunochi era habilidosa, mas sua cor, sexo e beleza poderiam trazer problemas para ela. Então, sem mais delongas, Jhun abriu a porta do quarto e desceu para o salão. Se Nanami estivesse sentada em algum lugar, ele sentaria ao lado dela... se ela não estivesse lá, ele se apressaria para a saída e tentaria achá-la.


 Nanami era tempestuosa, e Jhun sabia disso. Quando a morena saiu pisando firme, o shinobi agarrou-a pelo braço para impedi-la de sair, Jhun sentiu um calafrio quando ela se virou. Os olhos muito verdes da moça estavam opacos, e sempre doce Nanami tinha agora no rosto uma expressão severa. Jhun soube imediatamente que sua irmã Nanami-chan tinha dado lugar à Tigresa da Montanha, a Jounin terrível que era a líder inquestionável do grupo. A frieza na voz da garota era evidente quando ela falou.

-"Tem que ser muito ousado ou muito burro pra pôr a mão em mim sem a minha permissão, Chuunin."- e antes que Jhun pudesse perceber, Nanami segurou o pulso de Jhun com a outra mão e girou o corpo, passando por baixo do braço do shinobi, e sumiu de vista.

E então, chão e teto trocaram de posição quando Jhun caiu de peito no chão, com Nanami em suas costas, segurando seu braço com firmeza. Os irmãos Shinobi soltaram o fôlego e se levantaram, mas Nanami ergueu os olhos de esmeralda para eles, e eles sentaram-se novamente.

-"Como reconhecimento pela missão bem executada, Jhun, eu vou deixar você ficar com ela agora. Mas a próxima vez que você me tocar, eu vou levar a sua mão pra casa e pregar na parede como troféu."- e soltou o braço de Jhun bruscamente, se levantando e deixando-o livre pra fazer o mesmo.

A morena se virou e gritou ao grupo que queria todos de volta na Vila até o anoitecer do dia seguinte.



quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Menina que Dança - 06

A menina que dança D92e5910Suzu caminhava decomposta pelo beco, apressadamente, pois queria sair daquele lugar e chegar no conforto do seu lar, não imaginava que o pior estava por vim. Ainda tremendo e tentando se manter equilibrada quase escorregou ao alcançar a curva do beco, pois teve que desacelerar seus passos quando ouviu novamente a voz do assassino. "ah não, de novo não" - pensou consigo, e parou ali tentando se equilibrar e camuflar no escuro, para não ser notada. Porém estava tão próxima que ouvia o diálogo dos dois ali presentes, e cada palavra a deixava nauseada, pois lembrava do corpo que estava caído a alguns passos atrás.

A geisha estava tão próxima dos homens que conseguia ver os detalhes de cada um, um deles tinha uma imagem positiva, gentil e acreditava que até honrada, porém o outro lhe causava um frio na espinha, lhe dava pavor e com certeza era uma má pessoa, mas enquanto a ela, o que fazer? não poderia voltar, e tinha a total certeza que tinha sido notada pelos homens, sua unica solução naquele momento era seguir, tentar agir naturalmente e tentar passar despercebida por aquele homem terrível, pois o outro tinha acabado de partir. Porém foi o seu pior erro, pois a pobre moça foi abordada e cercada por aquele monstro em forma de homem, e naquela noite, naquele beco, sozinha, frágil estava prestes de ter o seu pior pesadelo.

O homem havia lhe dado um tapa no rosto, e ela desmoronou como um nada ali no chão, e ali ficou caída com o rosto e alma ardendo, nua e sozinha, e aquele homem se aproximava dela, esfregando seu corpo nela, Suzu queria gritar, aquele cheiro de podridão há deixava enojada, aquele homem era um porco imundo, tanto na sua honra, alma e corpo e ela não acreditava que seria invadida por aquele homem, sempre sonhou com algo mágico, com algo romântico, mas não desse jeito. Então fechou os olhos e pensou nos campos de cerejeiras, no doce cheiro que deixava o ambiente, pensou no inverno da sua cidade natal e a linda paisagem que tinha, pensou na sua família, seu corpo estava ali sendo invadido por aquele homem, mas sua alma estava em outros lugares, quando sentiu o calor escorrer pelo seu rosto, e não eram as suas lágrimas, mas algo viscoso e quente escorria e ao abrir seus olhos via uma cena que jamais irá esquecer, um corpo caído, uma cabeça rolando e um Gensai segurando uma espada ensaguentada. Seu corpo todo tremia, e não tinha mais como evitar, suas lagrimas escorriam sem cessar, e sua respiração era de alivio, pois sua honra não fora manchada, mas sentia-se perdida e desprotegida, quando aquele homem que a uns instante havia matado um homem naquele instante ele a tinha salvo ... tinha se tornado um herói para a geisha.

O Gensai havia lhe coberto com sua roupa, lhe oferecido um lenço para enxugar o sangue do rosto mas o que ele não sabia que lhe havia oferecido uma segunda chance de viver e ela seria grata por aquele homem eternamente. Ela olhava para ele e só conseguia agradecer.

- obrigada por me salvar, mas agora eu preciso me recompor o senhor poderia me dar licença?
 - esperava o Gensai partir para levantar e se vestir e assim seguir para a sua casa, ela queria tomar um banho, queria tirar o cheiro daquele homem do seu corpo, queria meditar, queria esquecer aquilo tudo, e olhando o Gensai ainda disse - e se precisar de algo, estarei sempre disposta a te ajudar, terei uma divida contigo para todo o sempre.


e Suzu ficou ali esperando o Gensai partir e dessa forma se recompor e seguir em frente ... afinal a vida não para e ela precisava continuar.

domingo, 12 de abril de 2020

Noite Carmim - 06

O frio da noite poderia ser uma punição dos Kamis para as ações de Toshiro? Ele não acreditava naquilo, era apenas parte do processo de transformação do Japão. Uma ação necessária e que ninguém disse que seria fácil. No entanto ao ouvir os comentários de Hikari Asami algo precisava ser feito, uma explicação plausível precisava ser dada para evitar comentários constrangedores.

       -- Os Kamis decidiram sujar minha roupa hoje Asami-san. Não pude continuar com elas daquele jeito. O cheiro... não precisa de tantos detalhes. Obrigado por fazer essas coisas Asami-san. O atendimento aqui é muito bom.


 Essa era a verdade, os Kamis guiaram a mão de Toshiro e pelo corte da espada o sangue jorrou para onde os Kamis decidiram. Toshiro não poderia continuar com aquelas roupas daquele jeito e o cheiro de sangue, não precisava ser explicado para uma jovem. Sim, a verdade como Toshiro a via era fácil de aceitar e processar.

       Toshiro chega na área comum e o calor do fogo tomou o espaço. Para Toshiro o calor era como sentir as mãos quentes de uma mulher tocar a sua pele gelada após um banho frio. Cada parte que se aquecia trazia consigo uma sensação reconfortante e de prazer. O cobertor sugou o excesso de água sobre a pele, o chá iria aquecer seu interior e o banho seria o elemento central após essa noite de trabalho. Toshiro vê como Hikari está se esforçando para atender bem ainda mais naquele horário da madrugada que decide não falar nada sobre o chá que tinha um sabor passável. Se a receita das folhas estivesse certa, não era do sabor que Toshiro gostava, porém a verdade naquele momento poderia destruir os sonhos e o futuro da jovem Hikari Asami. Havia hora pra tudo, para apoio, para repreensão, para segunda chance e para o hitokiri.


        Alguns momentos se passarão até que o banho esteja pronto. Toshiro decide pegar roupas no seu quarto. Poderia ser estranho se alguém visse uma jovem entrando no quarto de um hóspede durante a noite. A honra dela poderia ser questionada, porém isso não era da conta de Toshiro. Ela poderia ter todas as experiências que quisesse, Toshiro apenas faria sua parte no destino dela. Assim que pegar as roupas limpas Toshiro irá tomar um banho, se possível limpará sua espada novamente.
        Por um momento enquanto pega as roupas Toshiro pensa em ter a companhia de Asami-san durante e após o banho. A saudade de uma mulher como Naomi Satsume pesava em seu coração mais do que gostaria de admitir. Toshiro sabia que não deveria pensar em Asami-san além dos serviços que ela estava prestando, era um impulso do momento, um resquício da imagem da moça com a blusa aberta que teve que eliminar.


        Toshiro retorna para a área comum com tudo o que precisa para o banho e aguarda a indicação de Asami-san de onde está a tina com água quente. O sentimento de que um futuro melhor o aguardava agora era tão reconfortante quando o banho quente que estava ficando pronto.



A água quente tocou a pele de Toshiro e ele teve a sensação de que o frio derretia e escorria pela superfície da sua pele conforme ele jogava a água aquecida. A área de banhos da Ryokan era ampla, mas não haviam outros hóspedes no momento, então teria o banho todo para si. Eles não contavam com um onsen¹ como os Ryokan mais abastados, mas os Hikari eram esforçados e havia água quente em abundância. O ofuro era mantido aquecido por um braseiro, então não precisaria se preocupar com a possibilidade da água esfriar.

Toshiro sentou-se no banquinho e começou a esfregar os músculos doloridos. Estava mais sujo do que imaginou. A lama saiu fácil, mas o sangue... O cheiro estava impregnado. Não sabia como tirar o cheiro de sangue de si. Esfregou-se até ficar com a pele vermelha, com doses generosas de sabão, mas ainda assim, o cheiro permanecia. Desistiu.

Quando estava devidamente limpo, entrou no Ofuro. A água estava um pouco quente demais,  mas Toshiro sentiu os musculos tesos relaxarem quando os mergulhou na água fumegante. Precisou de alguns segundos para se acostumar à temperatura e se sentar completamente, relaxando. E então ouviu a voz de Asami, vindo de fora da área de banho. Ela lhe perguntava se ele desejava jantar, ou se iria se recolher ao seu quarto após o banho.

Quando Toshiro chegou ao seu quarto, encontrou-o imaculadamente limpo. O futon² estava preparado, e Toshiro pôde entregar-se a um pesado sono sem sonhos.

Acordou pouco depois do sol se levantar. Não abriu os olhos, mas despertou. Perdeu um segundo sentindo a posição do seu corpo, ouvindo a própria respiração. Havia pássaros cantando do lado de fora. Sentou-se e se espreguiçou, sentindo os músculos formigarem.

Depois de sua rotina matinal, reuniu-se a outros hóspedes na área de convivência para o desjejum. A sala tinha cheiro de pães frescos e ovos. Chá Oolong estava sendo servido, assim como o potente chá Jokisen. Os Hikari eram uma família trabalhadora, com toda certeza. Serviam aos hóspedes com presteza e com o sorriso que apenas aqueles que amam a profissão que tem conseguem dar a outra pessoa.

Asami era uma das que estavam no serviço de café da manhã. Recebeu Toshiro com um sorriso agradável e o escoltou até uma mesa, onde serviu-lhe chá. Em seguida, serviu-lhe uma bandeja contendo o desjejum. Arroz, omelete, sopa de miso e pães frescos.

Toshiro já havia começado a comer quando o homem sentou-se do seu lado. Toshiro sentiu o cheiro desagradável do homem, que como ele, fedia a sangue. Mas o cheiro forte de cigarros emamava das vestes do homem e atrapalhava-lhe o apetite. O homem era magro, talvez até demais, e tinha olhos muito redondos. Não tinha barba, mas um bigode ralo enfeitava-lhe o rosto. Falou com a voz desafinada que o Hitokiri já conhecia.

-"Bom trabalho ontem a noite. Porém, os lobos estão atiçados. Mantenha a discrição por alguns dias, logo teremos trabalho pra você."



¹- Fonte de águas termais naturais, muito comuns no japão.

²- Espécia de "cama" japonesa. Composta por um colchão, um edredom e almofadas. Hoje em dia usa-se poliéster para o revestimento e pequenas esferas plásticas como isolante, mas na epoca utilizava-se tecidos de algodão e palha de feijão como elemento isolante.

Sobre Cães e Lobos - 06





“AS PESSOAS SÓ IRÃO ENTENDER UMAS ÀS OUTRAS QUANDO SENTIREM A MESMA DOR”

Akemi retribui o cumprimento e se apresenta como Akira Ishida, ela sabia que não ia atingir suas expectativas, mas retribui o sorriso um pouco sem graça.

Ao entrar no salão, percebe que o povo estava muito animado com uma queda de braço entre o Capitão Harada e Yamada, a quem ela teve o desprazer de conhecer. Ele era um homem machista, ambicioso e talvez até um pouco preconceituoso e vivia implicando com ela quando faziam as missões juntos.

Yamada se aproximou dela e apoiou os braços em seus ombros, atitude que Akemi achou bem invasiva, mas o pior foi seu comentário, isso fez Akemi se injuriar.


Sobre Cães e Lobos Screenshot-20190426-204207-1


- Encontrei essas lindas jovens por acaso, mas espero que sejam respeitosos com nossas convidadas.- Disse olhando para o Yamada, mas o recado servia para todos os homens da sala.

Felizmente o Capitão se aproximava para quebrar o clima de tensão. Ele pegou em suas mãos e falava de maneira arrastada, ela conseguia sentir o hálito etílico a distância. Ele se ajoelhou a sua frente e começou a tirar a roupa, não teve como não sentir o rosto queimando de vergonha.


- Senchõ, não faça isso!!!


Akemi não sabia se ele estava alcoolizado para cometer uma loucura, mas logo percebeu que era uma brincadeira, já que todos riam e achavam graça da situação.

A gueisha sentou ao seu lado e lhe serviu sakê, mas a menina recusou educadamente e afastando o copo com a mão. Novamente a atenção da jovem era centralizada no samurai. Yuri tinha um charme natural e apesar de não sentir atração física, ela era uma companhia agradável

- Err… não tenho nada em mente. Mas pode tocar algo alegre para o grupo?

Yuri sorriu diante do pedido de Akemi, e a moça se levantou. Ela caminhou até um tablado mais elevado, que fazia as vezes de palco improvisado. Havia uma grande almofada vermelha, onde ela se sentou e pegou seu Shamisen. A moça tocava de forma primorosa, e tinha uma voz aveludada que era muito agradável aos ouvidos. 

A música que tocava era uma min-yo¹ popular. Tinha o ritmo alegre e fazia piadas de cunho obsceno. Os homens rapidamente puseram-se a cantar junto com a geisha, e gargalhavam quando ela finalizava uma estrofe em que fazia piadas de duplo sentido. Akemi poderia jurar que Yuri lhe ofereceu uma sutil piscadela em uma das piadas de cunho sexual particularmente mais óbvio, mas provavelmente era impressão.

A festa seguiu seu curso, com os homens animados e as geishas se revezando no entretenimento. Yuri era uma excelente companhia, e mais ousada do que a impressão inicial que Akemi tivera. Ela insistiu algumas vezes (embora com cuidado de nunca ser rude) que Akemi tomasse um pouco mais de sake, dizendo-lhe que seria um desperdício triste de boa bebida. Os colegas do Shinsengumi endossavam a opinião da bela geisha, que ria com seu sorriso contagiante a cada piada que contavam e gracejo que faziam.

Tudo estava bem, até que o Capitão se ergueu e se despediu dos rapazes. Disse que a hora já estava avançada e que precisava ir pra casa, mas desejou boa festa aos homens e ordenou que se comportassem. Todos deveriam estar prontos para a patrulha ao raiar da primeira luz da manhã, sem desculpas.


¹- Música folclórica japonesa, com balanço característico e ritmo 2/4.

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Vento Divino - 09

Com a resposta de Nanami, Jhun apenas a observou indo embora... quando ela sumiu na multidão, ele disse em tom quase inaudível. Jhun: Adeus,...

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